
Hospital de Base implanta marcapasso sem fio pela primeira vez no DF
27 de março de 2025 18:54O Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) realizou, no último dia 13 de março, um procedimento inédito na rede pública de saúde do DF: o implante de um marcapasso sem fio. A paciente beneficiada foi Terezinha Borges, de 84 anos, que já utilizava um marcapasso tradicional, mas desenvolveu uma complicação rara que expôs o aparelho para fora da pele, contaminando todo o sistema.
A situação de Terezinha exigiu uma intervenção cuidadosa. O cardiologista arritmologista Raoni Galvão, especialista em estimulação cardíaca artificial, explicou que o primeiro passo foi retirar o marcapasso antigo e monitorar a paciente com um dispositivo provisório, garantindo que não houvesse infecções na corrente sanguínea.
O implante do novo dispositivo foi realizado sob anestesia geral e durou cerca de 40 minutos. Sem a necessidade de cortes, o procedimento utilizou uma punção em uma veia da virilha para inserir o dispositivo diretamente no coração, sem a utilização de fios ou eletrodos. “Com essa tecnologia, reduzimos riscos de complicações, como infecções ou problemas com cabos”, destacou Galvão.
Inovação na estimulação cardíaca
O marcapasso sem fio representa um avanço para pacientes que têm dificuldades com dispositivos convencionais. Pequeno e sem fios conectores, ele reduz significativamente os riscos de infecções e rejeição. A tecnologia é indicada principalmente para idosos, pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise e aqueles que já tiveram problemas com marcapassos tradicionais.
A recuperação de Terezinha foi rápida e sem intercorrências. No mesmo dia, ela já estava extubada e conversando. “Depois que implantaram o novo aparelho, tenho me sentido mais disposta, menos cansada”, relatou a paciente. Três dias depois, ela recebeu alta.
Desafios para incorporação no SUS
Apesar dos benefícios, o marcapasso sem fio ainda não faz parte dos procedimentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também não está incluído na lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O dispositivo utilizado na cirurgia foi uma doação da única empresa que comercializa essa tecnologia no Brasil.
“Nosso objetivo é ampliar o acesso a essa tecnologia para os pacientes do SUS, especialmente aqueles que não podem utilizar marcapassos convencionais. A incorporação desse dispositivo pode reduzir o tempo de internação e minimizar complicações”, afirmou Galvão.
O superintendente do HBDF, Guilherme Porfírio, ressaltou a importância da conquista. “Esse avanço reforça nosso compromisso em oferecer tratamentos inovadores e de alta complexidade, beneficiando a população que mais precisa”, declarou.
*Com informações da Agência Brasília
Foto: Divulgação/IgesDF