Eleições nos EUA: divulgado o resultado da primeira urna apurada

5 de novembro de 2024 11:17

As eleições presidenciais nos Estados Unidos já possuem um resultado parcial. Na madrugada nesta terça-feira (5), foi concluída a votação na pequena comunidade de Dixville Notch, em New Hampshire. 

Às 00h00 (2h da manhã no Brasil), os únicos seis eleitores da comunidade votaram e, minutos depois, a urna foi fechada. E deu empate: a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump receberam três votos cada

Desde os anos 1960, a cidade de Dixville Notch, localizada em uma região montanhosa de New Hampshire, ganha holofotes por iniciar oficialmente a votação para a presidência dos EUA. Com um número reduzido de eleitores, o processo é rápido: assim que o último voto é lançado, as urnas se fecham e a contagem é feita quase instantaneamente, transformando-se em um ritual de abertura da apuração nacional.

Em outras cidades do estado de New Hampshire a votação terá início às 11h (13h pelo horário de Brasília).

Como funcionam as eleições nos EUA?

Em setembro, uma pesquisa divulgada pelo Pew Research Center, 63% dos estadunidenses gostariam que o presidente fosse eleito por meio de eleição direta, onde quem tem mais votos ganha. O apoio ao sistema do Colégio Eleitoral, que dura desde a fundação do país, chega a 35%. 

O levantamento conduzido com 9.720 adultos entre 26 de agosto a 2 de setembro de 2024 mostra uma constante desde sua primeira edição, em 2000, com a rejeição à forma como o ocupante da presidência da República é escolhido. Entre o eleitorado do Partido Democrata e os independentes, o apoio ao voto popular chega a 8 em cada dez.

Nos últimos 200 anos, houve mais propostas de emendas constitucionais sobre a mudança do Colégio Eleitoral do que sobre qualquer outro assunto, segundo o Arquivo Nacional dos EUA. No total, foram mais de 700 propostas para eliminar ou reformar o sistema.

Ainda que nas cédulas apareçam os nomes de Donald Trump e Kamala Harris, ambos representam listas distintas de eleitores qualificados. Uma vez eleitos, eles se tornam membros do Colégio Eleitoral comprometidos a votar naquele candidato.

São 538 delegados do Colégio Eleitoral em todo o país, escolhidos nos 48 estados e no Distrito de Columbia. Em quase todos os estados, o vencedor leva tudo, ou seja, quem obtiver mais votos leva todos os delegados. No Maine e em Nebraska, as regras contemplam um sistema de representação proporcional diferente.

Assim, quem conquistar 270 votos no Colégio Eleitoral vence. O candidato não precisa vencer o voto popular, como mostraram as eleições de 2000 e 2016, com George W. Bush e Donald Trump. Mesmo em 2020, com uma vitória de Joe Biden com uma diferença de mais de 7 milhões de votos, sua vitória foi decidida por menos de 50 mil votos nos estados mais disputados.

Por que o sistema não muda?

Em setembro, o professor de Ciência Política e diretor do Centro de Pesquisa Eleitoral da Universidade de Wisconsin-Madison, Barry C. Burden, explicou as raízes históricas desse sistema de votação em entrevista à Fórum. “O Colégio Eleitoral permanece em vigor como uma relíquia da fundação do país. Foi o resultado de uma barganha entre estados maiores do norte e estados menores do sul que dependiam fortemente da escravidão.”

Uma mudança poderia favorecer os candidatos independentes e os partidos menores. Para se inscrever nos estados e oficializar suas candidaturas, não só precisam enfrentar regramentos diferentes segundo o local, como também precisam investir grandes somas de recursos para colher assinaturas para vaibilizarseus registros.

Os chamados swing states ou battleground states, que pendem para um ou outro partido em cada eleição, são os que mais resistem a tentativas de alteração. 

Burden destaca que são estados que recebem uma atenção desproporcional. “Quase todos os comícios de candidatos, anúncios, escritórios eleitorais e outras atividades de campanha estão concentrados em cinco a dez estados, enquanto a maioria da população do país apenas observa a campanha de longe. Há algumas evidências de pesquisas acadêmicas de que o Colégio Eleitoral afeta a formulação de políticas porque os estados-campo de batalha têm mais probabilidade de receber fundos federais do que receberiam de outra forma com base no tamanho e na demografia”, pontua.

Foto de capa: RS via Fotos Públicas

Reprodução/Revista Fórum

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