Faxina: Sob Lula, Abin e GSI já tiveram mais de cem exonerações
31 de janeiro de 2024 10:18O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou a decisão de exonerar o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, nesta terça-feira. Além disso, o petista também promoveu mudanças em sete diretorias da agência, todas ocupadas por agentes secretos.
Essas alterações ocorrem no contexto de uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre um possível esquema de espionagem ilegal na Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando o órgão era liderado por Alexandre Ramagem (PL-RJ), hoje deputado federal.
As mudanças na Abin não são inéditas durante a gestão de Lula. Desde o início de seu terceiro mandato, houve uma série de exonerações, especialmente após os atos terroristas de 8 de janeiro do ano passado, resultando em mais de cem dispensas nos últimos doze meses nos órgãos de inteligência.
O governo Lula também enfrentou uma atmosfera de desconfiança após os ataques em Brasília, o que levou a demissões de membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) vinculados ao governo anterior de Bolsonaro.
A preocupação com a segurança e o possível envolvimento em um esquema de espionagem ilegal resultou na transferência da Abin da alçada do GSI para a Casa Civil, liderada por Rui Costa. Além disso, a operação “FirstMile”, que investigou o uso irregular do programa espião homônimo pela Abin, também contribuiu para as demissões.
Histórico de Mudanças desde 2023
Janeiro de 2023: Substituição no Número 2 do GSI
Em resposta aos ataques ocorridos em 8 de janeiro, o governo promoveu uma substituição estratégica no GSI. O General Carlos José Russo Assumpção, então responsável pela segurança dos palácios presidenciais, foi substituído por Ricardo José Nigri.
A decisão foi motivada pelo histórico de Assumpção, que trabalhava com Augusto Heleno, comandante do gabinete no governo Bolsonaro.
Abril de 2023: Reformulação e Exonerações no GSI
O General Gonçalves Dias deixou o comando do GSI após imagens mostrarem sua movimentação no Palácio do Planalto durante a invasão de 8 de janeiro. Como resposta, Capelli assumiu como interino por indicação de Lula. Nesse mês, Ricardo José Nigri também foi exonerado do cargo de secretário-executivo do GSI.
Capelli, então, recebeu uma determinação presidencial para realizar uma “limpa” no órgão. Isso resultou no desligamento de 87 servidores do GSI, a maioria vinculada à gestão anterior de Bolsonaro.
Entre os demitidos estavam três dos quatro secretários nacionais do GSI: Max Moreira, Marcelo Gomes e Marcius Netto, todos militares de alta patente.
Outubro de 2023: Afastamento no Alto Escalão da Abin
Em outubro, Maurício Fortunato Pinto, secretário de Planejamento e Gestão da Abin e número 03 do órgão, foi afastado durante uma investigação da PF sobre o uso de um programa espião.
A ferramenta israelense chamada “FirstMile” estava sendo operada sem controle formal de acesso pela equipe de operações da agência, liderada na época por Fortunato. Outros dois diretores também foram dispensados, mantendo suas identidades protegidas.
Nesse mesmo mês, dois servidores da Abin, Eduardo Izycki e Rodrigo Colli, foram demitidos após serem presos em uma operação da Polícia Federal. A investigação revelou que ofereceram ao Exército um sistema de monitoramento de redes sociais desenvolvido internamente na Abin, além do uso indevido do FirstMile para coagir a cúpula da agência e evitar demissões.
Janeiro de 2024: Novas Mudanças na Abin
Recentemente, em janeiro de 2024, Lula exonerou o diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti. Marco Cepik, atual diretor da Escola de Inteligência da Abin, foi nomeado para o cargo, sendo uma escolha de confiança do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa.
A decisão, assinada por Lula, foi publicada no Diário Oficial. Além disso, quatro diretores foram dispensados e sete novos foram designados, marcando mudanças em posições ocupadas por agentes secretos.
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Reprodução/Diário do Centro do Mundo