Gonet demite funcionário da PGR após disseminação de mensagens golpistas
10 de janeiro de 2024 11:42O procurador-geral da República, Paulo Gonet, demitiu Antônio Rios Palhares, funcionário da PGR, após a disseminação de mensagens golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal) pelo WhatsApp.
Conhecido como Niko Palhares, o ex-funcionário foi citado em um relatório da Polícia Federal (PF), que também revelou sua atuação na intermediação de encontros entre o empresário Meyer Nigri e membros da PGR.
Palhares, bolsonarista e aliado de Augusto Aras, chegou à PGR em 2020, exercendo cargo comissionado na Secretaria de Segurança Institucional. A exoneração, publicada no Diário Oficial, ocorreu após a PF identificar mensagens de teor golpista entre Palhares e Nigri, empresário alvo de busca e apreensão por envolvimento em discussões golpistas com outros empresários.
A investigação revelou que Palhares não apenas disseminava notícias falsas, mas também intermediava encontros de Nigri com membros da PGR e oferecia carros para o empresário em Brasília. A PF destacou a atuação direta de Nigri na divulgação de conteúdos falsos, subsequentemente difundidos por Palhares, que mantinha um grupo de WhatsApp de apoio ao ex-presidente Jaie Bolsonaro (PL).
“A investigação também identificou a atuação direta de Meyer Nigri na divulgação de conteúdos demonstradamente falsos, os quais, conforme mensagens expostas ao longo do relatório, seriam sequencialmente difundidas por Niko Palhares, servidor comissionado da Procuradoria-Geral da República”, disse trecho do relatório da PF.
Mensagens do assessor da PGR
Uma das mensagens enviadas por Niko a Meyer, em 28 de abril de 2022, comentava uma tentativa de encontro entre ministros do STF e o então presidente Bolsonaro em agosto de 2021. O encontro, entretanto, foi cancelado por causa dos ataques do ex-chefe de Estado brasileiro ao Judiciário.
“Quando mexeram com o Exército, e os generais responderam à altura, vejam o sabão que deram. Vão ver como a coisa vai mudar, só quem pode colocar o STF no seu [lugar] segundo a Constituição são as Forças Armadas”, escreveu o assessor da PGR, em mensagem a Nigri.
Em seguida, ele encaminhou ao empresário um vídeo que mostrava uma entrevista do ministro do STF Luiz Fux sobre a tentativa de encontro com Bolsonaro em agosto de 2021. O vídeo se encerrava com a legenda: “Foi só os militares baterem os coturnos mais forte e o presidente do STF Luiz Fux foi pedir ‘penico’ a Bolsonaro”.
Análise da PF
Ao analisar as mensagens, a PF concluiu que Palhares, ao disseminar informações falsas, contribuía para distorcer a realidade.
O ex-funcionário também expressou a Nigri o desejo de trabalhar na campanha de reeleição de Bolsonaro, destacando sua afinidade com o presidente.
Ambos foram inquiridos pela PF, mas Palhares preferiu não comentar sobre o assunto, enquanto a defesa de Nigri enfatizou que ele não deu maior atenção às mensagens de Palhares.
Reprodução/Diário do Centro do Mundo